Florbela Espanca
12:55 Postado por Coisinhas da Rose
Sei lá! Sei lá! Eu Sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fatuo, uma miragem…
Sou um reflexo… um canto de paisagem
Ou apenas cenario! Um vaivem
Como a sorte: hoje aqui, depois alem!
Sei lá quem sou? Sei lá!
Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou!
Eu sei lá quem!…Sou um verme que um dia quis ser astro…
Uma estátua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor…
Sei lá quem sou?! Sei lá!
Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador…
Florbela Espanca
Postei esse lindo texto da Grande Florbela Espanca em homenagem a uma amiga maravilhosa Ana Lucia Lima lá das bandas de Curitiba/PR, te adoro Excrusiva..bjos :*
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
"Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Florbela Espanca
Eu...
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que
Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
FUMO
Longe de ti são ermos os caminhos
Longe de ti não há luar nem rosas
Longe de ti há noites silenciosas
Há dias sem calor, beirais sem ninhos
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas
Abertos sonham mãos cariciosas
Tuas mãos doces, plenas de carinho
Os dias são outonos:choram,choram
Há crisântemos roxos que descoram
Há murmúrios dolentes de segredo
Invoco o nosso sonho, entendo os braços
e é ele oh meu amor, pelos espaços
fumo leve que foge entre os meus dedos.
Florbela Espanca
Fagner em poesia de Florbela Espancado disco "Raimundo Fagner - ao vivo"
Chama Quente
Gosto de ti apaixonadamente
De ti, és a vitória, a salvação
De ti, que me trouxeste pela mão
Até o brilho desta chama quente.
A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... é essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão
Foi graça nomeu peito de descrente.
Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira !
E eu, que era no mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol !
Águia real, apontas-me a subida !
Florbela Espanca
A mensageira das violetas
Dize-me, amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.
Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!
Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem turnura,
Agonia sem fé dum moribundo,
Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!
Florbela Espanca
22 de março de 2009 às 17:22
Sem palavras!
Emocionante.
eita Rose, sabe com seu jeitinho, colocar lindas palavras para as pessoas na hora certa.
Te adoro